domingo, 7 de novembro de 2010

Revendo "Os Donos da Noite"

Essa semana comprei o filme “Os Donos da Noite” (We Own The Night), do James Gray. O filme continua tão bom quanto na primeira vez que assisti, mas dessa vez não conseguia parar de pensar no quanto esse filme poderia se beneficiar se fosse produzida uma continuação. Claro que o filme do jeito que está, como obra única, é um dos filmes americanos mais interessantes dos últimos dez anos, mas tanto eu quanto minha namorada concordamos que o filme tem um clima de saga familiar que remete inclusive a maior das sagas familiares do cinema, “O Poderoso Chefão”.

O filme é uma acre-doce (mais acre que doce) história de perda, superação e união, acho que poderia ser considerado uma Tragédia nos moldes gregos, tal qual o clássico dos anos 70. Há no filme alguns elementos que o tornam deveras parecido, como a presença do destino, a tentativa de ludibriá-lo por parte do protagonista, o irmão que segue fielmente os caminhos do pai, um crime que acontece contra uma pessoa próxima que o faz repensar toda a sua vida, uma perda sólida e a aceitação do destino, com toda a glória e dor que ele representa. Inclusive o amor do protagonista Bobby (Joaquin Phoenix) por Amada (Eva Mendes), de uma sinceridade inegável e mais belo ainda por ser vivido entre drogas, crime e outros excessos, acaba sendo engolido pelas circunstâncias, parecido com o que acontece com Michael (Al Pacino) e Kay Adams (Diane Keaton). Basicamente os mesmos elementos estruturais do primeiro capítulo sobre a vida dos Corleone, entretanto James Gray inverte certos elementos (mafiosos por policiais, por exemplo), transporta o filme para um universo mais próximo do seu e, curiosamente, consegue criar uma voz própria sem deixar de ser reverente a Copolla. Sem contar que o filme, apesar de policial, não soa como propaganda da polícia, embora certamente que a utilização da Corporação como destino do protagonista errático possa trazer essa interpretação. Confesso que não achei nada sobre isso, seria o diretor filho de policial?

Belíssimo filme. Em vez de novos “Velozes e Furiosos” algum produtor interessado por cinema, se é que ainda existe, devia conversar com o diretor sobre isso. 


5 comentários:

pseudo-autor disse...

Quando eu vejo o Joaquin Phoenix nesse filme eu fico pensando: o que foi que deu nele pra participar daquele longa do Casey Affleck, fazendo papel de rapper alucinado?

Cultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com

Luiz Alexandre disse...

Fico feliz que isso foi um falso documentário. Já pensou, um dos melhores atores em atividade largar o ofício pra rimar, sei lá, juicy com pussy?

Anônimo disse...

Sempre quis ver esse filme, mas nunca soube se era bom ou não; me instigaste, compañero! valeu pela dica, verei logo menos e aqui comento..

Caio disse...

Outro dia vi o Fuga de Odessa, primeiro dele, e é impressionante... Cara mestre desde que nasceu! Só o Caminho Sem Volta não considero obra-prima, mas chega perto.

Luiz Alexandre disse...

Caio (HQ Subversiva): Vá e Veja "Os Donos da Noite", é um filmaço. James Gray é facilmente um dos melhores diretores americanos em atividade.

Caio (God Vs Godard): Preciso ver Fuga de Odessa, é o único que ainda não assisti. Na verdade também preciso rever Caminho Sem Volta, acho que o filme vai crescer um bocado numa revisão. O vi ainda adolescente e na época meus filmes favoritos de 1999 eram "Austin Powers", "American Pie" e qualquer coisa que envolvessem chutes na cara e tiros. Isso não mudou muito, é verdade.