quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Chang Cheh - Em Memória



Se uma doença pulmonar não o tivesse levado há quase oito anos atrás Chang Cheh faria hoje 87 anos. Para celebrarmos essa data tão especial a todos nós, seus admiradores, segue uma filmografia selecionada, alguns dos ainda poucos filmes que vi do diretor que me causaram boas afetações:
Sangue de Heróis (The Heroic Ones, 1970)

Um rei mongol decide dar cabo de todos os seus maiores inimigos. Para tal reúne nove de seus generais, que trata como seus filhos. Mas a inveja irá causar males irreversíveis dentro da família. Apesar do filme ser principalmente do boa praça David Chiang, a melhor cena de ação é protagonizada por Ti Lung, que enfrenta praticamente um exército inteiro com uma lança enquanto tenta proteger o rei embriagado. Participação especial de um careca Bolo Yeung.

Duelo de Punhos (Duel of Fists, 1971) e Hong Kong – A Cidade do Crime (Angry Guest, 1972)
Essa dobradinha está longe de ser uma unanimidade, mas tenho bastante apreço por ela.  No primeiro filme David Chiang é um engenheiro cujo pai, um mestre de kung fu, confessa a beira da morte que teve um filho fora de seu casamento com uma tailandesa, e pede pra que ele encontre. Mas eles não sabem que o outro filho é Ti Lung, um talento dos ringues de Muay Thai que se encontra em sérios problemas com bandidos que exigem que ele entregue uma luta. As cenas de boxe tailandês que percorrem o primeiro filme estão longe de serem perfeitas, mas achei um filme divertido e é simplesmente um barato ver o David Chiang usando as roupas da moda dos anos 70 passeando por Bangkok. Em certos momentos, por algum motivo, me lembra o filme que o Roberto Carlos não fez. 
No segundo a coisa melhora, os irmãos se envolvem com a Yakuza e precisam derrotar os cruéis bandidos, liderados pelo próprio diretor Chang Cheh e contando com o exímio carateca Yasuaki Kurata como braço direito. Longe do clima trágico e solene de seus outros filmes, essa dobradinha deve ser o cinema mais convencional e pop do diretor, que mostra bastante talento.
O Assassino de Shantung (The Boxer From Shantung, 1972)
Chen Kuan Tai é um pobre rapaz que chega a Shanghai em busca de oportunidades e consegue alcançar fama e fortuna com a única coisa que possui: os punhos. Além das cenas de ação muito bem encenadas, em especial a brutal sequencia final, o filme ainda retrata de maneira sensível a exclusão, sem cair em sociologismos tolos e perder a aura trágica e heróica que sempre acompanha a filmografia do diretor. Vale fazer uma dobradinha com “O Guerreiro de Aço” (Man of Iron), uma ótima “continuação” do filme passada vinte anos depois com o mesmo astro principal.
Irmãos de Sangue (Blood Brothers, 1973)
Chang (David Chiang) e Huang (Chen Kuan Tai) são dois irmãos ladrões que se unem com Ma (Ti Lung) em sua jornada em busca de glória. Mas a paixão entre o ambicioso Ma e a esposa de Huang irá trazer sérios problemas a irmandade. A busca pela fortuna sobrepujando a união sempre terminou mal no cinema do diretor. Filme recomendado para quem gosta do filme “Bala na Cabeça”, de John Woo, um “Changuista” ferrenho.
O Grande Mestre da Morte (Grande Master of Death AKA New Shaolin Boxers, 1976)
Alexander Fu Sheng é um jovem com talento no kung fu e um forte senso de justiça que compra briga com bandidos que oprimem os moradores da cidadezinha que mora. Esse me surpreendeu, a trama é bastante lugar comum no gênero, parece um filme do começo dos anos 70, mas acaba transcendendo. Um filme mais belo e trágico do que esperava. Recomendadíssimo.
Os Cinco Venenos de Shaolin (Five Venoms, 1978)
Um moribundo mestre de kung fu treina cinco discípulos em diferentes técnicas mortais. Porém, receoso de que alguns deles possam usar o que aprendeu para o mal, envia seu sexto discípulo em uma busca para impedir que os vilões triunfem, sendo necessário que este se una aos lutadores honestos. Mas têm um detalhe: todos os alunos treinavam usando máscaras, de maneira que não se sabe quem são os bons e os maus. O “whodunnit” de Chang Che pode não ser o maior filme de mistério já filmado, mas o diretor equilibra o drama e a ação com sua competência habitual, além de ter revelado ao mundo o grupo de atores que passaram a ser conhecidos como Venoms, como o excelentíssimo Kuo Choi AKA Philip Kwok, o pistoleiro sem um olho de “Fervura Máxima”.
Combate Mortal (Crippled Avengers, 1978)
Um cego, um surdo-mudo, um homem sem pernas e um louco se unem para enfrentar um terrível tirano e seu filho, um assassino que não têm as mãos. Não preciso dizer mais nada.
2 Campeões de Shaolin (Two Champions of Shaolin, 1979)
Esse é sensacional. Shaolin e Wu Tang envolvidos em ideologias políticas diametralmente opostas se enfrentam, numa guerra que não vai poupar ninguém. O final deste filme chega quase ao niilismo e tem alguns dos melhores combates de todos os tempos. Mais uma parceria do diretor com os Venoms, com o “Sapo” Lo Meng como astro principal.

8 comentários:

Ronald Perrone disse...

Two Champions of Shaolin é uma coisa linda, talvez o meu filme preerido do gênero.... mas tenho muito a descobrir ainda do Cheh... da lista, vi apenas 4.

Luiz Alexandre disse...

É possivelmente Top 5 na filmografia dele, talvez o melhor mesmo. Ainda tenho que ver muita coisa também, não fui muito além do que pus nessa listagem. Quais os que você viu da lista?

Ronald Perrone disse...

Além do Two Champions of Shaolin, eu vi Crippeld Avengers, Cinco Venenos de Shaolin e The Boxer From Shantung. Todos sensacionais!

Luiz Alexandre disse...

Assista também "A VIngança do Kung Fu" (Vengeance!, 1970). É coisa finíssima, assisti ontem!

Bruno C. disse...

Como não vi ainda o 2 Campeões de Shaolin, o Crippled Avengers ocupa o meu primeiro lugar. Que filme legal.

Takeo Maruyama disse...

Mas em termos de ação, nenhum filme supera o sensacional Five Element Ninjas. O final original é gore ao extremo!!!

Luiz Alexandre disse...

Eu ainda não assisti esse, Takeo. Por tudo que já li a respeito, desconfio de que colocaria nessa lista, junto ao "Vingança do Kung Fu", que vi essa semana.

Hayllander disse...

Só o fato dele ter descoberto Wand Yu "O primeiro Bruce-Lee" já faz dele merecedor de uma estátua.