domingo, 12 de setembro de 2010

Dose dupla de Bruce - Sem trocadilho



Na semana passada tive uma grande vontade de rever alguns filmes do Bruce Lee. Foi o que fiz. Esta introdução foi apenas para introduzir mesmo, não tenho nada a dizer além do óbvio, queria ver filmes dele e vi. Eis as minhas impressões:

Operação Dragão (Enter The Dragon, 1973)


O criminoso Han (Shek Kin), ex-monge de Templo Shaolin, realiza torneio de artes marciais em sua ilha particular, como fachada para seu negócio internacional de drogas e prostituição. Um playboy endividado (John Saxon), um negro que não se rebaixa ante ao “Homem” (Jim Kelly) e, é claro, um artista marcial recrutado pela CIA (Bruce Lee) são convidados para este torneio. Um clássico B, sem dúvida. Robert Clouse pode estar longe de ser um Sam Peckinpah, mas fez um filme de ação simpático, com bom ritmo e nunca chato. O trio Bruce Lee/John Saxon/Jim Kelly poderia ter rendido um “men on a mission” acidental mais inspirado, mas tudo bem. Assistir ao Bruce Lee exibindo sua superioridade marcial contra os capangas de Han e em cima do mesmo é sempre divertido, assim como a interação entre Saxon e Kelly. Aliás, não lembrava do quanto era divertida a cena em que Saxon e Kelly apostam suas lutas com um chinês que mais parece uma versão maoísta de Adolf Hitler. “The Maoist Hitler”, eis o grande exploitation nunca feito.

Só é uma pena que o Bruce Lee tinha de demonstrar sua superioridade marcial de forma tão veemente, seu embate contra O’Hara (Bob Wall), o homem que matou sua irmã e contra o velho, mas habilidoso, Han poderiam ter sido mais disputados. Mas tudo bem. Talvez o mais verossímil seja ver Bruce despachando seus adversários sem dificuldade mesmo. Aliás, vendo esse filme, fico pensando se Bruce Lee não seria uma espécie de Steve McQueen asiático e como seria interessante se tivessem filmado juntos. Mas acho que nunca saberemos. Que droga.

O Dragão Chinês (The Big Boss, 1971)


O filme que sedimentou o “Dragão” como um astro. Um jovem chinês vai para a Tailândia em busca de trabalho. Lá, além de emprego, ele encontrará violência e morte. Aparentemente o filme seria protagonizado pelo James Tien, o sujeito que acolhe Bruce em Hong Kong, mas com a mudança de diretores decidiram dar o crédito ao nosso querido Lee. Bruce só vai lutar mesmo com quase uma hora de duração, o filme não é tão agitado quanto Operação Dragão, lançado dois anos depois, até porque seu personagem tenta ao máximo zelar por sua promessa de não lutar com ninguém. Mas quando luta...

É incrível como Bruce se movia mais rápido e dava golpes mais bonitos que praticamente todo mundo com quem contracenava. Fico imaginando como seria vê-lo em ação mais pro fim dos anos 70, onde as coreografias marciais alcançaram um nível bem mais elevado. Entretanto, não consigo imaginar o Bruce lutando em um Shape, como fizeram Sammo Hung e Gordon Liu. Aliás, se Bruce Lee chamasse o Gordon Liu, o Chen Sing e o Sammo Hung ou o Jackie Chan ele poderia fazer sua versão de “Sete Homens e Um Destino”, onde ele seria o McQueen, é claro, Liu seria Yul Brynner, Sing seria o Charles Bronson e o Humg (ou o Chan) seriam o jovem pistoleiro. Mas já estou divagando.

Lo Wei, o diretor, não é exatamente o cineasta mais talentoso do mundo, mas criou um filme até bastante redondo, brutal (o mais sangrento de Lee) e que apesar de alguns equívocos é um filme bem legal, me remeteu um pouco os filmes de ação que se faziam no começo dos anos 70 em Hollywood, como os trabalhos do Winner com o Charles Bronson. Só que com uma atmosfera mais cafona, pobre e suja, como uma cruza entre um thriller, um filme mundo cão e kung fu. Parafraseando Charles Bronson, pode não ser um Bergman, mas dá pra se divertir.

7 comentários:

Caio disse...

Revi por esses tempos o Operação Dragão, e como disse, é "um filme de ação simpático".

Lá pelos 7 anos acompanhava muito na BAND, inventei até de fazer flexões nessa época, e comprei um All Star branco também. haha

Luiz Alexandre disse...

Uma coisa ninguém pode negar, os quimonos amarelos tinham seu charme, especialmente quando acompanhados daquele tênis. Embora o Jim Kelly tenha ficado melhor, afinal, os negros ficam muito melhor de amarelo que os brancos.[Modo Clodovil Off]

Ronald Perrone disse...

Revi o THE BIG BOSS também, na semana passada. É um dos mais fraquinho do Bruce, mas é bem divertido mesmo... e tem umas cenas geniais, como a dos cachorros saltitantes, ou a do sujeito que quebra a aprede e o buraco ficou no formato do cara, como num desenho animado!!!

Luiz Alexandre disse...

Acho que o que atrapalha são justamente essas presepadas do Lo Wei. A cena looney tunes do buraco na parede e o Bruce rebatendo a faca com um chute são bem trash, o próprio Bruce era contra. Acho que se fosse dirigido por um sujeito como o Chang Cheh ou, porque não, o Peckinpah, Castellari, o filme seria maior. Mas gosto dele ainda assim.

Takeo Maruyama disse...

Só a título de curiosidade, mas supostamente existe uma cena em que Lee enfia um serrote na cabeça de um dos tailandeses nessa mesma seqüência Looney Tunes do BIG BOSS que colecionadores do mundo todo estão loucos atrás de uma cópia. Na versão existente por aí, a cena do serrote é cortada abruptamente, quase insinuada, mas segundo algumas fotos promocionais, parece que uma cena mais "explícita" (aka gore/splatter) foi filmada, mas foi cortada por ser violenta demais. No fórum Kung Fu Cinema tem um sujeito jurando que tem essa versão uncut, mas que não vende uma cópia pra ninguém. Obviamente tá todo mundo duvidando...

Pedro Pereira disse...

Gostava de ter visto essa cena do serrote! Enfim, tirando o Game of death, gosto de todos os filmes de Lee.


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Pedro Pereira

por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
filmesdemerda.tumblr.com

pseudo-autor disse...

Operação Dragão hoje é cult. Procure O Vôo do Dragão, em que ele luta com o pupilo Chuck Norris na sequência final. Demais!

Cultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com