segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Stallone e os Miquinhos Adestrados ou Agora já deu...

Pessoal, quero que saibam que, apesar de nossos vários problemas, acho bem legal ser brasileiro. Não tenho vergonha de ter nascido aqui mesmo com várias figuras deploráveis que dominavam e ainda dominam nossa política, reconheço que parte de nossas mazelas talvez não sejam mazelas pra muitos países, mas nós temos sim motivo de nos orgulhar de uma série de coisas. Tivemos o Movimento Antropofágico, Machado de Assis, o Cartola, os falecidos Nelsons Rodrigues e Gonçalves e, ainda vivo, o Paulo Cesar Peréio. Somos diferentes de vários países e,  em muitos casos, pra melhor. Rimos de morte da sogra, troçamos o chifre pessoal ou alheio, somos bons de bola e, em muitos lugares por aqui, vemos cenas inusitadas como pessoas de baixa renda que por pouco não passam fome fazendo Sopão pra mendigos. Temos uma série de patifarias e falhas de caráter, claro,  não existe nação que fique intacta, mas, comparativamente, matamos menos que os ingleses, franceses ou os espanhóis. Não devemos ser endeusados, assim como ninguém que respira, come e excreta. Mas, cacete, quando inventamos de ser imbecis e equivocados não ficamos devendo nada a nenhuma nação. Vejam a última que recebi sobre a polêmica dos "Mercenários":

"Bilheteria Zero para o Stallone


Foi com tom de deboche e fazendo piadinhas de mau gosto que Sylvester Stallone  falou sobre a filmagem no Brasil do filme Os mercenários, do qual é diretor,  durante a feira Comic-Con 2010, em San Diego.
Podiamos matar pessoas, explodir tudo, e eles (os brasileiros) ainda diziam  obrigado, disse o ator, afirmando que os produtores tiveram aqui liberdade para  gravar sequências mais agressivas, usar armas mais perigosas e até destruir  propriedades. E ele ainda debochou da hospitalidade, dizendo que os brasileiros  agradeciam e ainda ofereciam um macaco para eles levarem para casa. Os  brasileiros estão indignados com as declarações de Silvester  Stallone! Munido de arrogância, prepotência e preconceito esse atorzinho medíocre viu-se no direito de denegrir a  imagem do nosso país em um evento nos Estados Unidos. Após ter sido  extremamente bem recebido no Rio de Janeiro, retribuiu com uma grande tirada de sarro  com a cara de cada brasileiro. Dia 13/08 foi o  lançamento do filme Os Mercenários cujo título tem tudo a ver com a filosofia de vida dos americanos.  
A idéia é a criação de uma corrente para provocar bilheteria zero, nesse dia,  no Brasil. Afinal de contas, o que ganharemos em assistir tal filme recheado de  violência e de atuações medíocres? O cinema brasileiro produz filmes  infinitamente melhores a partir de roteiros inteligentes e temas que levantam  discussões acerca do comportamento humano, diferenças sociais, humor etc.
Precisamos dar uma resposta a tais declarações mostrando ao mundo que não há  mais lugar para o preconceito."

Poderia responder simplesmente que "no dia que o Selton Mello der uma voadora igual ao Jet Li eu apóio essa iniciativa", contudo, já estou um pouco farto dessa história. Francamente, foi só uma piada. Muito pior fazem os nossos "cineastas trinta horas" ou a Globo Filmes, essas castas que dominam os grandes centros culturais brasileiros. Ainda há quem tente denegrir indivíduos REALMENTE críticos e especiais, como Glauber Rocha, ou figuras que "simplesmente" querem trabalhar com cinema popular e trazer uma identidade brasileira em meio aos multiplexes, Crepúsculos e outras patifarias, como Zé do Caixão enquanto elogiam políticas de governo problemáticas e que só serviriam para abrir ainda mais as nossas pernas ante o mercado externo. Você pode não gostar dos dois cineastas que citei, mas são figuras importantes em nossa história e que, francamente, merecem pelo menos respeito. 

O Stallone pode ser um monte de coisas, canastrão, tacanho e, aparentemente, caloteiro, como a mídia andou noticiando, mas dirige sim melhor que muita gente aqui. Não merece ser endeusado, é certamente um cinema menor do que, sei lá, um Copolla, pra ficarmos entre os americanos, mas é melhor do que um monte de "visionários". Tudo o que ele fez foi fazer uma graça com o seu público utilizando um certo estereótipo nosso que existe lá. Ele não exatamente contribui para que sejamos taxados de bonitos, mas é só uma piada. Já viram Family Guy? O sujeito zomba de TODOS os tipo que co-habitam a América e a, ainda assim, é assistido por muita gente lá fora. Querem ser revolucionários? Deixem de pagar algum imposto para ferir algum patife em Brasília ou, pelo menos, parem de babar o ovo de qualquer indivíduo de status que venha de lá e de chamá-lo de "gênio", "distinto" ou "maravilhoso". Isso talvez causasse algum efeito. Boicotar o filme do Stallone porque ele fez uma piada ruim sobre "a nossa gente" equivale a "xingar muito no Twitter" uma figura cretina como um Collor ou Sarney.

Em suma, quer ver o filme, veja, não quer, tudo bem. Mas, por favor, saiba escolhar suas batalhas ou pelo menos arrume uma de verdade para lutar, Acima de tudo: não perturbem minha caixa de emails!

13 comentários:

Dona Sra. Urtigão disse...

para pensar...

pseudo-autor disse...

O protesto é válido, mas o filme não é a perda total de tempo que dizem! Vale como entretenimento de ação.

Cultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com

Anônimo disse...

Stallone falou umas verdades e um monte de gente ficou putinha. Só não entendo como boicotam Stallone e não boicotam um 50 Cent que além de falar merda do Brasil só fala merda em suas letras de "música"

Bruno C. disse...

Pô, sou eu aí em cima! :P

Luiz Alexandre disse...

Espero que essa minha "golfada" sirva para alguma coisa mesmo, Dona Sra. Urtigão.

pseudo-autor, não duvido disso. Aliás, é apenas o que espero do filme, se eu quiser arte vejo algo do Woody Allen, por exemplo, o medíocre genial.

Bruno C., ao que me parece a história com o DJ do 50 Cent foi a seguinte: ele perguntou pelo Twitter como ele deveria se preparar para vir ao Brasil e responderam um monte de coisas como camisinhas, etc. Ou seja, seja lá quem retuitou para o néscio corroborou para que aquele estereótipo de que o Brasil é terra de prostituta e aidético. O sujeito mandou muito mal, mas os seguidores dele não são exatamente literatos, bacharéis e doutores.

Just Daniel disse...

Amém, Luizão. Amém.

Just Daniel disse...

Só duas pequenas observações:

"matamos menos que os ingleses, franceses ou os espanhóis"

Na verdade não matamos pq somos sempre mortos. hehe. Sinceramente, acho isso mais por pura covardia nossa do que por realmente ser um povo "pacífico". Brasil foi uma terra colonizada por ladrões portugueses parasitas e covardes. Nossa política é muito covarde. Tem medo de uma punição maior que 30 anos de cadeia, muda a legislação quando quer e tem medo de mudar os obstáculos que o país tem que ultrapassar justamente pelas cagadas que nossos antepassados fizeram. Nosso excército é covarde. Só se impos realmente contra a liberade de expressão. Nosso Imperador proclamou a independência do país do alto do seu cavalinho e erguendo uma espadinha no meio da praça sem sujar a camisa de sangue uma vez se quer. A polícia "não-especializada" então, nem se fala. Covarde, corrupta, facilmente maleável. O único grupo social corajoso nesse país mesmo, vou criar uma polêmica aqui, mas dane-se, são na verdade os traficantes. São os caras q de fato não tem medo de morrer. Mas pq? Pq ou é isso ou morrer de qualquer jeito. De fome. Ou pegam em armas e se viram, ou irão ver mais um irmão, filho ou pai morrem de fome. É uma coragem quase obrigatória. Uma coragem vinda pela necessidade de sobrevivência. Veja bem, não estou fazendo apologia a países que vivem em guerra e dizendo que deveriamos fazer igual. Lógico q não. Mas acho essa fama de "país pacífico" uma balela. Acho o brasileiro um povo extremamente violento, agressivo, egoísta e impulsivo. Não só pela guerra dos tráfico que vemos por décadas à fio sendo transmitida pela tv (Que é por resultado justamente da covardia que começa na política por falta de uma distribuição de renda decente e pouco caso em relação a educação e direitos básicos do cidadão que forma esse ciclo vicioso de covardia) mas por casos bizarros de mortes no trânsito, em família ou completos estranhos seja por motivos mesquinhos como dinheiro, terras ou por pura banalidade. Mas ter um perfil violento não faz vc ter perfil corajoso. O brasileiro curte atirar pelas costas. Mata apenas quando está seguro em um patamar bem distante da possibilidade de contra-ataque para "apertar o botão". Pelo o menos é isso q eu acho.

Just Daniel disse...

"
Poderia responder simplesmente que "no dia que o Selton Mello der uma voadora igual ao Jet Li eu apóio essa iniciativa"

A obrigação do Selton Mello como ator não é dar uma voadora. Na verdade nem do Jet Li. Mas claro que ele interpreta personagens que lhe convém com sua habilidade em artes marciais. E quando o Selton fazer um, seria legal ver ele aprendendo. Ou ver o Li entregando uma performace poderosa como a do Selton em Lavoura Arcaíca. Mas até lá, estou feliz em ver que cinema é uma arte que os dois cabem perfeitamente juntos e cada um tem um público específico que os adoram. Ou mesmo os dois públicos que podem gostar perfeitamente dos dois, é claro. O cinema brasileiro faz merda. Mas não acho que nem um pouco à mais que qualquer outro país. Tem muitas coisas que eu desaprovo no cinema brasileiro, mas nada maior que o amadorismo e ignorância que o povo brasileiro tem ao falar dele. Descartam inúmeras obras-primas que o país fez no cinema desde os anos 50, tiram o mérito de diretores talentosos atuais, fazem comparações absurdas e não dão mérito a nenhum filme que não faça borburinho no exterior. Assim fica difícil querer discutir "cinema por nação" (coisa q eu detesto, pq nação não fazem filmes bons, diretores bons sim). É uma pré-indisposição que já vem contaminado a pessoa.

Mas enfim, nada disso tem haver com o que vc disse e entendo perfeitamente sua comparação e o que vc quer dizer com ela e não é só perfeita como eu assino embaixo, Luiz. Mas gostaria de deixar essas observações aqui pq infelizmente vai ter gente que não vai entender o que vc quer dizer com esse belo texto. E como bom brasileiro, vai generalizar com tudo. Aliás, só tem uma coisa que eu discordo de fato de vc por aqui. Não tenho lá muito orgulho de ser brasileiro não. E muito disso vem pelo fato povo brasileiro mesmo. Na verdade eu tenho muito mais orgulho do cinema brasileiro do que do próprio país. E o cinema tupiniquim tem menos falhas tb.

Osvaldo Neto disse...

Puta texto, Luiz!

> Não tenho lá muito orgulho de ser brasileiro não.

Somos dois. Já passei e presenciei situações de me fazer pensar que eu simplesmente não deveria ter nascido aqui.

Luiz Alexandre disse...

Parasistas e covardes? Pode ser, mas Dom João conseguiu dar uma rasteira no Napoleão e dar uma longa sobrevida a coroa portuguesa. O sujeito não era burro e ainda por cima trouxe um monte de coisas pra cá, deu o pontapé inicial pro desenvolvimento do Brasil. Antes dele o Marques de Pombal também era um sujeito acima da média, se a louca de Dona Maria não tivesse mandado ele embora, sei lá, acredito que o Brasil seria outra coisa. Dom Pedrinho, o segundo, também não era uma figura política de se jogar fora!

Acho que, apesar de tudo Daniel, e realmente temos um monte de problemas, principalmente nossa histórica ruindeza na hora da porrada, temos que pensar que o Brasil é um país muito novo e, justamente pelo modelo civilizatório que foi instaurado aqui e que nas poucas vezes em que alguém tentou fazer algo pra mudá-lo, como o citado Marques de Pombal e Getúlio Vargas, esses indivíduo foram derrubados. Somos miseráveis, Daniel, muito pobres, semianalfabetos e, juridicamente, uma bagunça. Mas não somos descartáveis. Representamos muita coisa na América do Sul, estamos conseguindo algum espaço para discussão na política externa, não se pode esquecer disso.

Sobre a personalidade do Brasileiro, bom,estamos mais para Trinity que para Roy Rogers. Mas acho legal não sermos imperialistas, por exemplo, recebermos os gringos com cordialidade. O problema é, possivelmente devido a uma série de fracassos históricos, abanamos o rabinho pra qualquer "novidade" que venha de fora.

Enfim, to falando muito. Só queria expiar minhas mágoas quanto a essas iniciativas babacas. Discutiremos mais política no MSN. hehe. Abraços, Daniel e Osvaldo.

Just Daniel disse...

Luiz, meu velho, talvez vc tenha razão. Eu crítico o povo brasileiro mas talvez eu tenha o exato mesmo problema dele em enxergar as qualidades do país. E quando enxergo, desvalorizá-las. Apesar que povo brasileiro não ser o primeiro nem último a fazer isso. O povo irlandês e escocês por exemplo, vivem com seu complexo de vira-lata justamente por serem países colonizados por outro. E no entanto, eu invejo a história de ambos, principalmente do irlândes e como os imigrantes eram tratados pelos americanos como a mais baixa ralé do planeta. Isso nem brasileiro sofreu quando começaram a emigrar por lá tb.

O povo mexicano, que parece ter os mesmos problemas do Brasil, talvez sendo até um pouco mais violento, é um país e cultura q me enche os olhos. E olha que eu reconheço a hipocrisia da sua nação que vive dizendo que ama sua terra, mas a história só mostra o contrário. È o povo que mais tenta atravessar a fronteira ilegalmente de outro país usando todas as formas possiveis. O número de imigrantes ilegais nos EUA daria um pequeno país dentro do próprio EUA!

Certamente não somos o pior país do Globo e muito menos o único "com pena de sí mesmo". Mas para mim ver o tamanho do país, a sua riqueza em fauna, toda a sua possibilidade e vemos que conquistamos tão pouco de nós mesmos não é uma questão de ter orgulho "pq poderiamos ser pior" e sim pq poderiam ser tranqüilamente um dos melhores. Lado à lado dos EUA, China, Japão, Alemanha e o q vier.

Dona Sra. Urtigão disse...

"péraí" Just Daniel
Deusmelivre de ter nosso pais igualado aos que voce citou. São modelos de economia aparentemente bem sucedidas mas na verdade economia predatória, que não respeita nem o Homem nem o ambiente. São os maiores vilões do planeta, tanto em politica externa, agressiva, política interna excludente quanto em emissões de gases causadores do efeito estufa. Nosso pais ainda tem a chance - e parece que vai perder, buscando o tal crescimento acelerado ou o modelo neoliberal, de criar um novo modelo econômico que promova a sustentabilidade, que permita que o Humano possa ainda viver sobre esta terra. Menini - e vc deve ser muito criança, pois senão não usaria este argumento, a Terra, seguindo o modelo dos paises que vc citou, não suporta mais duas gerações. É aí que vc pretende viver o resto de seus dias? Ou quiçá deixar ses descendentes? Coitadinho...

Just Daniel disse...

EUA não respeita o homem?? Onde mais vc escontra um país que acolhe tantos emigrantes de tantos lugares diferentes? Onde mais vc vê uma justiça rígida, mais justa? Onde mais vc vê um país com um sistema de seguro-desemprego que permite o cara viajar por 3 meses pelo país até decidir o que fazer com a vida?

O nazismo acabou há mais de 60 anos minha filha. Alemanha está longe de ser um país "predatório". Foi um dos inúmeros países que cresceram depois de quebrados e destruídos após uma guerra. E eles assinaram o tratado de Kyoto. Kyoto, inclusive, que nasceu no Japão. A China é de fato o único país que se enquadra nesse sistema que vc diz, pelo seu regime fascista, e ainda sim é um país que merece seu mérito pois de um país pobre fez o que o Brasil ainda não consegue, não me importo o que o governo Lula diz, revertou o quadro econômico drasticamente e é o país que mais cresce no mundo nesse sentido.

Criança? Não sou eu que vivo em um país sub-desenvolvido e acha que tá perfeito assim. Não sou eu que chama países de "vilõoes imperealistas" sem ter o mínimo de conhecimento da história deles e fundamento apenas por serem países superiores, mas claro, com defeitos. Como se a gente tb não fosse te-los se fossemos o primeiro país do mundo, né? "Boa" política externa e ser chamado de "país boa-gente" é fácil quando você não representa merda nenhuma dentro dos países que realmente precisam governar o planeta. E ainda tomar conta de sí mesmo. E se pudesse escolher, viveria perfeitamente o resto dos meus dias em qualquer lugar que meus filhos e netos puderem ter edução, formação e base. Infelizmente o Brasil tá longe de ser um dos primeiros países a aparecer nessa lista de prioridades.

Enfim, sabia q ia criar polêmica. Mas nem vou perder meu tempo discutindo aqui. Sem saco pra isso.